sexta-feira, 13 de maio de 2011

A LIÇÃO DA MORTE



Era 2007, dia de nossa senhora aparecida, o telefone tocou. Nanci do outro lado da linha, tinha a voz triste, 10:30 da noite a noticia. “O Nivaldo Morreu”, não havia muito que dizer.
Nivaldo era operador de som lá da rádio, calmo, brincalhão e meio ultrapassado (na cabeça dele). “Eu nunca vou aprender a lidar com computador”, frase dita por ele com a chegada da tecnologia na rádio. Um ‘boa praça’. Morto em um acidente em que o carro capotou, ele voltava de uma festa em que fazia um extra como DJ, morreu na hora.
Somos muitos ligados lá na emissora, é difícil não lembrar dele no dia 12 de outubro. Revendo as fotos bate uma saudade daquele velho.
2011 sábado 23:30. Telefone toca. Era o Fernando. Telefone fora de hora boa coisa não há de ser. “A mamãe da Nanci morreu”, era véspera do dia das mães, o enterro no dia das mães, choro e tristeza no dia das mães.
É muito ruim ver a cidade festejando e amigos sofrendo. Morrer em dia de comemoração devia ser proibido. O sofrimento parece que é maior. A tristeza parece que não passa.
No meu aniversário de 28 anos meu primo morreu, passei o aniversário velando aquele companheiro de piadas. Um câncer o matou em um mês.
Nanci voltou a trabalhar depois de três dias, choramos com ela.
Da minha sala olho o silêncio gritante que ela transmite, parece em contato intermitente com a mãe que, agora olha do céu. Ela voltou a trabalhar, mas não voltou de verdade. Falta a alegria, falta o sorriso. Mas ela vai voltar.
Viver cada momento da nossa vida como se fosse o ultimo, essa é a lição, porque o tempo passa e a única forma de manter vivas as pessoas que amamos é nunca esquecê-las, nunca deixar de amá-las.