sábado, 13 de março de 2010

A VIDA CONTINUA


As dores de cabeça não passavam. Já havia uma semana. O Doutor Alexandre pediu vários exames e nada foi constatado. Meus familiares estavam apreensivos, todos como eram de se esperar, estavam preocupados. Nessas horas passa um filme na cabeça da gente. E esperar é a pior coisa e a única que podemos fazer.
Um mês depois: Sabe como é a saúde publica? Recebo os exames e nada constatado. Novos exames são pedidos, e o Doutor me disse: “Suspeitamos de uma ‘caucificaçãozinha no cérebro’”. – Doutor, meu tio morreu com “calcificação no cérebro”. Vamos ser sinceros?
- Suspeitamos de um Câncer. Foi a resposta dele.
A minha preocupação não era comigo, mas como iria dizer para minha esposa e meus pais?
“Com tanta coisa pra fazer, tantos planos e, de repente, posso não ter tempo”.
Não sou muito de orações. Mas acredito na existência de um Deus que olha por nós. Tarde de chuva, como todas as outras, passo em frente à capela de São Benedito, que fica no meio de uma praça. Minha curta história passa diante de mim em um segundo:
- Meu Deus, eu posso morrer! Ainda não estou pronto.
Minhas lágrimas se confundem com os pingos de chuva. Foi uma confissão de peito aberto!
Os dias a seguir passaram com a velocidade de anos.

E em um único dia nasci de novo duas vezes:

- Sua tomografia deu negativa. Disse minha esposa emocionada, e completou: - você vai ser papai.

0 comentários:

Postar um comentário