quinta-feira, 14 de julho de 2011

NOSTALGIA



Eu passeava pela Rua Paraná, a principal rua de comércio da cidade (pra ser honesto, a única). Estava distraído quando, de repente, uma música, que vinha de uma pequena caixa amplificada em uma loja do outro lado da rua, me fez parar, na verdade paralisei.
Não era nada especial, como aquelas músicas que nos marcam por ouvir ao lado de alguma garota. Mas o fato é que parei na rua, no tempo e no espaço.
Regressei a uma época que não voltará mais. “Air Suplly é bom né?”, disse uma senhora que passou por mim. “Pois é, mas só agora eu percebi”, respondi envergonhado. Levei 15 anos pra perceber. Quando essas lembranças chegam, ficamos meio bobos, a sensação é que eu estava sozinho em pleno centro – fim de mês, não tinha tanta gente assim -, não fosse pela senhora que percebeu meu ‘desligamento’ do mundo ao meu redor.
Nostalgicamente lembrei da adolescência, quando Mauro e eu, ficávamos sentados no tapete da sala de som ouvindo as fitas (lembra-se delas?). Eu não sei falar inglês e nem sei se Air Suplly é uma banda estadunidense ou inglesa. Ouço poucas músicas internacionais, prefiro nossas “coisas” às letras gringas que não entendo uma palavra. Mas a energia, as graças do Mauro e o carisma da música para juntar amigos era o que me fascinava.
Aquele som inesperado no meio da rua me levou pra um tempo que havia se perdido na memória. Os amigos se viam, fazíamos piadas inofensivas e a presença um dos outros era o que mais importava. Eu usava, nesse tempo, tênis xadrez e bermudas xadrez. Era completamente punk e feliz. Meu filho outro dia, viu uma dessas fotos e mandou: O papai ‘tá’ engraçado. Valia tudo por um sorriso alheio. A gente trocava cartinhas com as meninas e o futebol na quadra da escola tinha torcida empolgada (das meninas que recebiam as cartinhas).
A realidade é que é tudo nostalgia do tempo das descobertas. Pura nostalgia de uma época de rebeldia e inocência, que adormeceu ao som de Air Suplly.

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